Riscos à Saúde e a Importância da Vigilância Familiar
Introdução
Embora sejam proibidos, o uso de cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes ou pods, tem aumentado de forma alarmante entre adolescentes no Brasil. Em resposta a essa situação, em 19 de abril de 2024, a ANVISA atualizou a regulamentação desses dispositivos, mantendo a proibição de fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento e transporte, além da propaganda de todos os dispositivos eletrônicos para fumar. A venda de cigarros eletrônicos não é apenas uma infração administrativa, mas também pode configurar crime, resultando em penalidades severas, incluindo multas substanciais e processos criminais. Esta medida visa proteger a saúde pública, especialmente dos jovens, que são mais vulneráveis aos malefícios desses produtos.
Risco de Morte: EVALI
Em dezembro de 2023, a trágica morte de uma mulher na Bahia chamou a atenção dos brasileiros para os perigos do uso de cigarros eletrônicos. Ela foi diagnosticada com EVALI (E-cigarette or Vaping Associated Lung Injury), uma doença pulmonar grave associada ao uso de vapes. Em menos de duas décadas desde que os dispositivos chegaram ao mercado, eles já deram origem a essa doença específica, causando estragos devastadores, mesmo entre aqueles que fumam vape há pouco tempo. A EVALI é uma lesão pulmonar que pode levar à morte em um curto espaço de tempo.
Só nos EUA, foram cerca de 70 mortes e 2,7 mil internações nos últimos anos relacionadas a EVALI, segundo o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), órgão de saúde norte-americano.
A mulher na Bahia apresentou sintomas severos de insuficiência respiratória, levando à sua hospitalização e eventual falecimento. Este caso ilustra de forma dolorosa os riscos envolvidos no uso desses dispositivos, destacando a necessidade urgente de medidas preventivas e educativas, especialmente entre os jovens, que são mais suscetíveis aos efeitos nocivos dos cigarros eletrônicos.
O que são Cigarros Eletrônicos
Os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes ou pods, são dispositivos que funcionam através do aquecimento de um líquido, geralmente contendo nicotina, para produzir um vapor inalável. Diferente dos cigarros tradicionais, que queimam tabaco, os vapes utilizam uma solução líquida composta por propilenoglicol, glicerina vegetal, aromatizantes e outras substâncias químicas. Esses dispositivos são alimentados por uma bateria e podem ser recarregáveis ou descartáveis.
Substâncias Nocivas nos Cigarros Eletrônicos
Além da nicotina, os cigarros eletrônicos contêm outras substâncias químicas nocivas, como propilenoglicol e glicerina vegetal, que são usadas para criar o vapor. Quando aquecidas, essas substâncias podem se decompor em compostos tóxicos que irritam as vias respiratórias e os pulmões. Além disso, estudos detectaram a presença de metais pesados, como chumbo, níquel e cádmio, nos vapores inalados. A exposição a esses metais pode causar sérios problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias e envenenamento por metais pesados, representando um risco significativo para os jovens usuários.
Estudos e Pesquisas Científicas
Resumo de Estudos Recentes sobre os Efeitos dos Cigarros Eletrônicos
Estudos recentes indicam que os cigarros eletrônicos não são inofensivos. Pesquisas mostram que a exposição aos vapores pode causar inflamação pulmonar, aumentar o risco de doenças respiratórias e afetar negativamente o sistema cardiovascular. Além disso, há evidências de que o uso de vapes pode prejudicar o desenvolvimento cerebral em adolescentes, devido à presença de nicotina.
Comparação com os Efeitos dos Cigarros Tradicionais
Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), o vape tem maior índice de nicotina e, por isso, causa dependência mais rápido. Por exemplo, fumar uma carga de um cigarro eletrônico no formato de pen drive, pode equivaler a fumar 20 cigarros convencionais.
Os vapores dos e-cigarros podem conter metais pesados e produtos químicos tóxicos. Estudos comparativos indicam que, embora o risco de câncer seja menor, os danos aos pulmões e ao sistema cardiovascular são comparáveis. Portanto, a ideia de que os cigarros eletrônicos são uma alternativa "segura" é enganosa e perigosa.
Efeitos Cognitivos e Comportamentais
A exposição à nicotina durante a adolescência pode ter efeitos devastadores no desenvolvimento cerebral. A nicotina interfere nas funções cognitivas, comprometendo a memória, a atenção e o aprendizado, áreas críticas durante os anos formativos. Além disso, o uso de vapes está associado a uma maior propensão a experimentar outras substâncias ilícitas. Essa associação pode criar um ciclo perigoso de comportamentos de risco, aumentando a vulnerabilidade dos jovens a problemas de saúde e dependência química no futuro.
O Papel dos Pais
É fundamental que os pais assumam um papel ativo na prevenção do uso de cigarros eletrônicos por seus filhos. Aqui estão algumas ações importantes:
Educação e Diálogo: Converse abertamente com seus filhos sobre os perigos dos cigarros eletrônicos e as consequências de seu uso.
Vigilância e Orientação: Esteja atento aos sinais de uso de vapes e oriente seus filhos sobre esses dispositivos. Monitore o comportamento e as amizades de seus filhos para identificar possíveis influências negativas.
Exemplo Pessoal: Seja um modelo positivo, evitando o uso de produtos de tabaco e incentivando um estilo de vida saudável.
O Papel da Escola
Nossa escola adota uma política de tolerância zero em relação ao uso e posse de cigarros eletrônicos. As medidas incluem:
· Confisco e Notificação: Qualquer dispositivo encontrado será confiscado imediatamente, e os pais serão notificados sobre o incidente.
· Medidas Disciplinares: O uso nas dependências da escola pode levar à suspensão ou até mesmo à expulsão do aluno.
· Educação Preventiva: Realizamos orientações para conscientizar os alunos sobre os riscos dos cigarros eletrônicos.
Conclusão
A saúde e o bem-estar dos nossos jovens devem ser prioridades absolutas. O uso de cigarros eletrônicos, com seus riscos à saúde física e cognitiva, requer atenção e ação imediata de pais e educadores. A regulamentação rígida no Brasil, que proíbe a comercialização e o uso desses dispositivos, reforça a seriedade do problema. A colaboração entre família e escola é essencial para criar um ambiente seguro e saudável, prevenindo o uso de vapes e protegendo os jovens dos malefícios associados a esses dispositivos perigosos.